Com jogo marcado às 17:55 complica a vida de quem trabalha e tenta chegar a tempo para ver o nosso Sporting. Estaciono a correr, depois de umas quantas tentativas falhadas, e quando vou a pé até ao estádio começo a receber uma chuva de mensagens no telemóvel dizendo que toda a gente esta a demorar a entrar por causa de uma inusitada revista.
Segundo as mensagens que me enviaram, e os vídeos que foram surgindo, estava a ser feita revista ao calçado de todos os adeptos, obrigando homens mulheres e crianças a descalçarem-se. Estranhei, mas lá me fui preparando para colocar os pés naquele cimento tudo menos acolhedor e higiénico.
Chego à fila, que até estava a andar bem, cheguei ao pé da polícia e nem revistado fui. Nem eu nem a maioria dos que estavam na mesma fila. Ao lado na porta 5 no entanto o cenário era diferente. Fila gigantesca, revista pessoa a pessoa, cheguei a ver perigosas senhoras de 60 anos e metro e meio mal medido a serem obrigadas a descalçarem-se. O seu crime? Estarem numa porta de escumalha.
Fui ter com a segurança depois de passar o controlo e perguntei porque estava aquela confusão. Disseram-me que não podiam comentar, e quando insisti disseram para se quisesse fosse falar com a polícia. Não o fiz, até porque já tinha ouvido de pessoas de confiança que a resposta deles na porta cinco estava a ser que tinham ordens para tal.
Subi até ao meu lugar bem lá na bancada B, que pelos vistos já me tira da escumalha mesmo não sendo um dos lugares mais caros, e podia ter ficado com aquela sensação de alívio a pensar que ao menos não foi comigo.
Lembrei-me então das palavras do sábio pastor luterano Martin Niemöller:
Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse.
Martin Niemöller
Se houvesse este tipo de controlo indiscriminado a todos os adeptos de todos os sectores do estádio, desde a curva até aos camarotes, aceitaria o discurso da segurança, e acataria o mesmo, ainda que relutante.
Quando vejo sócios do Sporting a serem discriminados pela sua colocação no estádio não posso aceitar. E não me venham com a história de ofensas passadas. O Estádio tem CCTV e pode usar a mesma. Usem-nas e revistem os ofensores.
Nos últimos jogos nem sequer houve intervenção de segurança aquando do arremesso de tochas naquela bancada. É interessante para alguém toda a narrativa que montaram e que está ainda a mantê-los no lugar.
Agora ver que numa semana em que até as claques tinham declarado tréguas e apoio incondicional, e até se fizeram ouvir e bem em apoio até no hóquei em Itália apenas mostra uma provocação, e um desespero em manter uma guerra que ainda faz alguns sectores apoiar esta direcção, que cada vez mais se aproxima de se tornar a pior de sempre da história do clube.
Não aceitarei que limitem as liberdades de Sportinguistas, e que os cataloguem e tratem como Sportinguistas de primeira e de segunda. Este não é o meu Sporting. Este não é o Sporting Clube de Portugal, em que se tenta calar os sócios, ignorar os estatutos e se descriminam Sportinguistas.
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