Lembro-me de desde cedo ter algum interesse pela política. Toda a dinâmica das eleições, dos tempos de antena, e das promessas feitas fascinava-me. Mas ficava sempre confuso ao perceber que das promessas que cada um apresentava em campanha eleitoral a maioria acabava na gaveta.
Na altura achava, e continuo a achar, que caso alguém apresente um programa eleitoral, seja para o que for, e que de repente se veja a fazer o seu oposto se deve demitir, e se quiser se voltar a candidatar agora com um programa eleitoral condizente.
Lembro-me dos três pontos chaves do programa de Frederico Varandas, vamos lembrar cada um deles.
Futebol Profissional
Lembro-me de que este era um dos grandes estandartes de Frederico Varandas. Um futebol profissional, altamente competente, e com poucas contratações mas assertivas. Isto enquanto se colocava a formação como a base de todo o projecto. Também contratar apenas pelo certo e evitar jogadores em fase descendente da carreira ou que não fossem bons projectos de futuro.
Em vez destes jogadores de futuro e certos fomos buscar Jesé’s, Bolasies, Neto e Ilori. Claramente um oposto do prometido. Ainda para mais tapando jogadores da formação, a qual disse ir ser a aposta, e emprestando ou vendendo algumas dessas promessas.
A isto se soma um futebol profissional mal gerido, com um desregular constante do que é ou deixa de ser projecto, e no qual a estrutura não serve para nada, nem sequer para protestar quando somos claramente desrespeitados e roubados pela arbitragem.
Projecto Financeiro
Durante a campanha diziam que não havia buraco e que o investimento que poderia ser feito estava estudado, planeado e até havia parceiros prontos a entrar.
Esses parceiros até agora continuam a ser uma promessa por cumprir, se bem que continua a ser feita recorrentemente. Da parte financeira sobram duas coisas.
Uma delas um pré acordo com a banca para a Reestruturação Financeira, bom mas na linha do que já havia sido apalavrado, e um empréstimo obrigacionista gerido de forma sobranceira que acabou por falhar nos valores pedidos. Dificilmente um bom cartão de visita, e claramente um ponto negativo também neste mandato.
Unir o Sporting
Se houve ponto em que falhou por completo foi este. Podíamos dizer na brincadeira que agora estava finalmente a conseguir unir o Sporting, mas contra esta direcção. Mas na realidade nem isso, pois apesar de quase toda a gente que se ouve estar contra esta direcção nem aí são unidos.
Na verdade não me lembro de um Sporting tão desunido como este. E nem a guerra interna que movem às claques, com ou sem razão em alguns pontos, está a conseguir dar-lhes a tal união frente a um inimigo que vem nos manuais. Talvez se tivessem procurado um inimigo externo fosse diferente.
O que devem fazer
Sou sincero não gosto de Assembleias Destituitivas nem de demissões de Direcções. No entanto esta Direcção está tão longe de qualquer tipo de apoio popular aparente, e sem qualquer tipo de correspondência com o seu programa eleitoral que penso que não tem condições para continuar nesta fase.
Acho que então devem convocar novas eleições. Se acham que têm ainda apoio popular que levem um novo programa eleitoral a votos. Contando ai sim com as medidas de controlo das claques em vez de união, uma politica de cortes no futebol baseada em empréstimos e um projecto na onda do que realmente estão a fazer.
Aí se os sócios votarem neles têm toda a legitimidade de continuar esta política, que me parece desastrosa. Caso os sócios optem por outros planos, e um projecto diferente do que está em curso, acho que a Direcção devia ser a primeira a aceitar que os Sportinguistas decidam os destinos do clube, e coloquem em prática um projecto com o qual se identifiquem.
É altura de voltar a dar a palavra aos sócios.
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