Lembro-me bem dos grandes jogos de Futebol de Praia que nos agarravam à televisão no final dos anos 90, e início da década de 2000. Aqueles jogos épicos entre o Cantona e o pé canhão do nosso Carlos Xavier fizeram épicas tardes de Verão, em que ano após ano ficávamos em segundo atrás do Brasil.
Isto até surgir um miúdo Sportinguista, da sua alcunha Madjer, que liderou a selecção durante muitos anos, conquistando tudo o que havia para conquistar com as quinas ao peito, e também no Sporting. São memórias felizes, ainda que não recentes.
O Fim do Futebol de Praia no Sporting
Ontem recebemos a notícia que o Sporting Clube de Portugal encerrou a sua secção de Futebol de Praia. E soubemos isto através de um comunicado oficial, feito no site do clube, sem grande pomba nem circunstância.
Cada vez que se fecha uma modalidade, o meu lado emocional protesta internamente. E lembro-me sempre de que o Sporting foi criado para promover o desporto em Portugal, não apenas o futebol. Mas será que me chateia assim tanto o fim do futebol de praia?
Sinceramente a modalidade não cresce há muito, e mesmo a presença em 2016 como modalidade de exibição nas Olimpíadas do Brasil não houve uma grande dinamização.
Quando reparei que o actual campeão da Europa é um núcleo de Loures do Benfica, mostra que a modalidade falhou mesmo em crescer. E por muito que tenha boas memórias dela de há vinte anos, se calhar não passa mesmo de uma modalidade amadora e que não faz sentido investir muito nela.
A falha de comunicação e o motivo dado
Se o meu lado racional aceita perfeitamente o fim do Futebol de Praia no Sporting, não posso deixar de pensar que foi muito mal comunicado. Há uns meses as quotas foram aumentadas, para melhorar a sustentabilidade das modalidades, e agora vemos uma fechar.
Por muito que seja aceitável este fecho, a maneira como foi comunicada foi demasiadamente seca e sem grande informação. E a única razão oficial apontada é a da inexistência de camadas jovens que sustentem a modalidade, de forma estruturada.
Aqui soam alguns alarmes na minha cabeça. Há alguma modalidade que seja auto-suficiente, gerando dinheiro de prémios e patrocínios suficientes para se pagarem a elas próprias? Sem ser o futebol masculino apenas a Ginástica, pelos contributos dos seus atletas.
Que modalidades estão a salvo?
Futsal e Andebol andam a usar brilhantemente a formação, mesmo que com prejuízo no final do dia, são modalidades salvas. Futebol Feminino, com mais ou menos investimento, é desde o próximo ano uma obrigatoriedade, logo será mantido.
Mas os argumentos que usaram no extremo podem ser aplicados a Vólei, Hoquei em Patins e Basquetebol para os fechar. Estarão a salvo? Acho que sim, mas quem sabe. Pelo que comunicaram não é garantido.
Mas entre muitas dúvidas em imensas modalidades menos representadas, penso de repente naquelas modalidades que realmente não são do Sporting, como o Padel e Surf, essas terminarão certo? É que não se enquadram em nenhum dos outros casos, não têm escalões de formação claros e duvido que tragam algum lucro.
Muitas dúvidas, muita incerteza, e muito mal comunicado, como sempre nesta direcção. E por muito que até possa ser uma medida correcta, mais uma vez por uma comunicação virada em tudo menos para se aproximar dos sócios, ficamos a saber menos do que antes de um comunicado.
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