Resposta à carta aberta de Rui Gomes da Silva,
Como tenho dificuldade em perceber qual o seu papel, isto é, se é advogado, político, dirigente desportivo, comentador ou outra coisa qualquer, dirijo-me a si nestes termos e em resposta à muito eloquente carta que, publicamente, me dirigiu:
Caro Rui.
Não sendo eu pessoa de puxar dos galões, não posso deixar de lhe dizer que os meus 25 anos de experiência jornalística deram-me alguma vivência e permitem-me um conhecimento que, mesmo com o muito que terei ainda para aprender, lhe posso dizer com a maxima frontalidade que o meu caro Rui nada percebe de comunicação. É que achar-se um comentador desportivo quando, na realidade, é apenas um megafone dos Grabrieis e Guerras desta vida diz tudo sobre o seu conhecimento desta ciência e deste ofício.
Estando por isso esclarecidos quanto aos seus fracos conhecimentos de comunicação, vou, perdoe-me a pretensão, ensinar-lhe algo sobre a última entrevista do seu Presidente na TVI. Quando um presidente apenas anui a uma entrevista onde os entrevistadores são por ele escolhidos, num espectáculo televisivo deprimente, enfatiza ainda mais as suas debilidades como líder e comunicador. Numa alegoria religiosa, esta pretensa entrevista poderia ser descrita como uma conversa entre a Nossa Senhora de Fátima e os Três Pastorinhos, ou então uma cena ao estilo da “Última ceia” em que o “Rei Sol” foi adorado pelos seus apóstolos. Mas, neste caso, houve o cuidado de não o colocar a si no painel, pois o seu Presidente sabe que haveria de evitar a presença de um Judas que, por muito menos que 30 dinheiros, o traíria para lhe tomar o lugar.
Relativamente ao meu Presidente, os timings das entrevistas não se determinam pelos jogos do Benfica. Aliás, é algo que a ele não lhe provoca interesse nenhum pois dispomos de um gabinete de análise das equipas adversárias que faz esse trabalho. E quanto às capas que essas patéticas horas de bajulação originaram, estão ao nível de uma vitória por 2 a 1 ser considerada como quase goleada nos mesmos meios. E, já agora, o meu Presidente não se atormenta com audiências ou shares, até porque não está em competição com o Cirque du Soleil.
Há quem precise de capas para fingir que brilha e há quem as faça apenas por trabalhar.
Não deve ser fácil para si ver este Presidente, o meu, fazer das maiores vendas de sempre do futebol português; formar um plantel forte e equilibrado mesmo com a fortíssima intervenção de agentes que comungam com vocês o interesse e objtectivo de desestabilizar e enfraquecer o Sporting Clube de Portugal; ver Markovic brilhar de verde e branco; assistir a uma média consolidada de 40 mil pessoas no Estádio José Alvalade; estar muito perto de ultrapassar o vosso clube em número de Associados. Deve, alias, ser difícil ver que apenas fizeram uma venda pois a segunda cifrou-se num saldo obrigatório de 3 milhões (Gaitán 25 versus Jiménez 22) ou que ficaram inúmeros jogadores por resolver, alguns com salários principescos. É todo este insucesso que pretendem esconder com um ataque cerrado e constante à arbitragem e mantendo esta guerra suja para que, entre ataques e respostas, possam ir camuflando os vossos insucessos e incapacidades.
Mas voltando à sua temática, confundir uma encenação teatral com uma entrevista só pode vir de mentes frágeis com raciocínios deturpados, que são a sua imagem de marca, inclusive para muitos adeptos do seu próprio clube.
Por fim, gostaria de concluir salientando duas coisas que acho que lhe estão a escapar:
1 – O Presidente do Sporting Clube de Portugal é Presidente do Clube e da SAD e não um empecilho como o meu caro Rui, que anda a ser empurrado de um lado para o outro dentro do seu clube, aproximando-o cada vez mais da porta da rua, mesmo que não se dê conta disso;
2 – Profissionalmente, o Presidente do Sporting Clube de Portugal já tem mais tempo de governo desta grande instituição que é o meu Clube do que o meu caro Rui desempenhou funções no governo de que fez parte.
Sinceramente, gostava que percebesse que dispensava gastar um segundo ou um caracter consigo ou com o clube que representa. Mas, infelizmente, a comunicação “suja” que o meu caro Rui e seus pares utilizam obrigam-me a ter este procedimento que em nada me orgulha e que considero, alias, um retrocesso de toda a aprendizagem profissional que adquiri nos últimos 25 anos. Porém, quando somos profissionais dedicados e acreditamos no que fazemos temos de estar preparados para agir em todos os terrenos. Infelizmente, no que diz respeito a si e aos seus pares, é um terreno cheio de lama e onde reina o baixo nível.
Tentarei manter-me de mente sã e corpo são, apesar de tudo, mas sempre sem medo de ter de me confrontar neste terreno, pois a verdade desportiva e os amantes do futebol merecem este meu sacrifício.
Caro Rui, desejo-lhe um resto de bom fim-de-semana.
Nuno Saraiva
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