Ainda há uns dias referi que achava que a questão da compra de um central por parte do Sporting estaria a ser exacerbada pela imprensa. E continuo a manter o que disse apesar da chegada de Mouhamadou-Naby Sarr.
O internacional sub21 Francês tem muitas características que eu gosto. É um central possante fisicamente, 1.96m metem respeito, muito rápido e com bom tempo de ataque à bola. Não é propriamente um prodígio técnico ou táctico, mas não é por esses parâmetros que o vou avaliar no futuro.
Agora a questão que se faz é: porque comprar este central então?
Um ponto relevante é a tipologia de jogador. Temos muitos centrais bons no plantel, especialmente olhando para os jovens que estão a surgir. Rojo como titular, com Dier a morder os calcanhares, dão uma segurança muito forte para acompanhar o Maurício “Xerife”. Numa segunda linha de jovens vemos aparecer Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo. Tudo boa gente, e com muito potencial. Mas se olhar-mos bem, são tudo, à excepção de Maurício, centrais com algum retoque técnico e com gosto pelo jogo posicional e o joga bonito.
Nas equipas de topo é preciso um central mais duro, que imponha o seu físico e que não tenha medo de fazer a entrada forte no tempo certo. Um homem que tanto em velocidade como no ar seja um bastião e imponha respeito. E nisso apenas tínhamos um jogador Maurício. E sejamos sinceros, é um excelente jogador, mas não tem potencial para muito mais do que já mostrou.
Tobias poderia ter algumas destas características, mas penso que será algo mais. Temos no entanto Rúben Semedo. E se olharmos a tudo o que dissemos o Semedo pode ser aquilo que Sarr é. Mas têm a mesma idade, e o Sarr mostra já um nível de agressividade superior. E é ainda mais forte fisicamente.
Um erro comum é achar que todos os bons júniores vão dar bons seniores. Ao ter todo este lote de jovens centrais, e com características muito variadas, podemos conseguir ter daqui a um ano 2-3 centrais de top. E não estamos a falar de top para o campeonato português apenas.
Com um milhão de euros investidos nesta contratação, o potencial de retorno daqui a 3-4 anos pode ser gigantesco. Se resultar claro. Se falhar o preço não terá sido impeditivo.
Agora uma coisa é certa, com todos estes números, pelo menos dois centrais dos jovens deverão ser colocados a rodar noutros clubes por um ano.
Quanto à pergunta inicial, seria preciso esta contratação? Só mesmo se fosse para ter uma alternativa a Maurício em termos de central mais físico. Mas bons negócios não se devem apenas à necessidade. E este caso parece que mais que necessidade foi uma boa oportunidade.
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