Ontem depois do jogo do Benfica estava confortavelmente a ver trocas de memes entre Sportinguistas nas redes sociais sobre esta derrota. Esta é a parte mais saudável e engraçada da rivalidade entre clubes. E isto é válido tanto para Benfica como para Porto, e mesmo em épocas horríveis para nós como esta, que basicamente é das piores da nossa história. Mas momentos destes valem como pequenos balões de oxigénio.
De repente vejo três ou quatro Sportinguistas chocados a fazerem comentários indignados sobre o que se estava a passar. Mas muito vocalmente e com muita energia nisso para gerar interacção. Diziam eles que dá muito mais jeito ao Sporting neste momento um Porto fora da Champions do que o contrário, e que devíamos festejar as derrotas do Porto e não as do Benfica, quase insinuando que até as deveríamos festejar…
Não resisti, o sangue aqueceu e respondi ainda a pelo menos um deles. É uma patetice pegada e perigosa, mas caí na esparrela.
Mas não fui o único, e nesse momento muitos Sportinguistas estavam a trocar argumentos sobre se era melhor para o Sporting ganhar um ou o outro rival, ficando o foco para o que realmente importa agradavelmente esquecido para alguns.
Existe um truque conhecido dos ilusionistas. Quando querem tirar alguma coisa da manga, fazem algo muito espampanante com a mão oposta. E com isto ficam todos a olhar para a mão que está apenas a fazer algo tolo enquanto a outra saca algo da manga que seria bem mais importante eles verem.
Os carteiristas também colocam muitas vezes alguém na rua a fazer um espectáculo, ou confusão, enquanto calmamente surripiam as carteiras aos incautos que ficam a olhar. Mais uma vez focam o que não interessa, e acabam fortemente lesados por isso.
Na política é claro o truque de usar um inimigo externo, ou interno do passado, para que toda a gente se foque no mesmo, enquanto cordeiramente ignoram aquilo que deviam discutir.
Por isso vamos concentrar-nos em brincar sim quando os nossos rivais têm maus momentos, mas não perder o foco no principal que é o nosso clube.
Temos um treinador que entrou numa das piores épocas de sempre, custando um valor absurdo, mas que até parece ter boas ideias e potencial. E temos uma direcção sem rumo ao fim de dois anos, que mudou metade da equipa de topo nos últimos meses e que quer falar de tudo menos do que se passa, enquanto prepara pela terceira vez para nos dizer que o próximo ano é um ano zero.
Foquemos no Sporting, e não nos ralemos qual dos rivais vai ficar à frente do outro. Não nos deixemos levar por truques de ilusionistas, carteiristas e políticos.
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