Com o aproximar do fim da temporada, e ao mesmo tempo estando na altura tradicional da pré-temporada, começamos a ver as listas dos jogadores que cada Sportinguista gostaria de ver presentes na próxima temporada, e os dos quais se devia desfazer ou emprestar.
Vemos muitos jovens constantemente referidos no meio campo, Daniel Bragança a encabeçar a lista, mas depois vamos vendo até jogadores que já vão quase com 25 anos, como Geraldes e Rafael Barbosa.
Um nome porém está recorrentemente entre os desaparecidos, ou os a emprestar e despachar: Miguel Luís.
Lembro-me bem quando surgiu pelas primeiras vezes na equipa principal. Até me lembro bem do primeiro jogo, lançado por José Peseiro a um minuto no fim do jogo da Taça de Portugal frente ao Loures. Nessa altura foi logo a pergunta de inúmeros Sportinguistas porque não tinha entrado mais cedo, e que devia ter jogado mais.
Passo seguinte, jogo em casa frente ao poderoso Arsenal, e Petrovic é titular, tal como Gudelj. Na altura dois patinhos feios, sendo que no caso do segundo nunca percebi bem o porquê. Caos em Alvalade, com inúmeros Sportinguistas aos gritos perguntando como estavam estes em campo e o super-miúdo Miguel Luís estava apenas no banco. Não entrou nesse jogo e muita gente se queixou disso mesmo. Mas estava feita a estreia de um miúdo de apenas 19 anos.
Entretanto José Peseiro é despedido, e entra Tiago Fernandes, que no seu primeiro jogo, frente ao Santa Clara, dá também um minuto apenas a Miguel Luís, de novo com comentários Sportinguistas insatisfeitos.
Mas na segunda partida de Tiago Fernandes este arrisca, e no campo do Arsenal dá a titularidade a Miguel Luís. Nesse jogo jogou 85 minutos, e o Sporting aguentou-se firme frente a uma equipa da linha da frente inglesa, sacando um empate a zero.
Tudo parecia bem encaminhado para Miguel Luís, que mesmo com a chegada de Marcel Keizer foi jogando bastante. Acaba a época com 14 jogos, em ano de estreia, e com a idade que tinha, foi claramente uma boa aposta.
A parte má, pelo menos para muitos Sportinguistas, é que é um jogador pouco vistoso. Um jogador de trabalho e rotação, na onda de Moutinho e Adrien, e mais que tudo, perdeu a novidade. E se há coisa que o Sportinguista gosta é da novidade.
Esta época correu-lhe pior, sem dúvida. O treinador que tinha apostado nele mais, Keizer saiu, e chegaram Doumbia e Eduardo, que não sendo melhores que ele foram comprados logo ocuparam espaço.
No campeonato apenas fez dois jogos, um com Silas e outro com Peseiro, ambos derrotas nossas. Foi portanto despromovido à equipa de sub-23, onde não brilhou. Mas também para quem já esteve na A ir jogar para uma competição tão fraca, um nível bem inferior a um campeonato de Portugal, deve ser um murro no estomago violento aos 20 anos.
Desde então tem jogado pouco, mas parece que os Sportinguistas nem se têm preocupado por aí. Fala-se muito em Matheus Nunes, que até agora não me convenceu, que era mestre nos sub-23, e é um ano mais velho que Miguel Luís.
Miguel Luís vai aparecendo em convocatórias, mas sem jogar, nem preocupar os Sportinguistas que parece que já decidiram que não era jogador para nós ao ver as listas que fazem para os próximos anos.
Isto enquanto fetiches como Francisco Geraldes e afins continuam a figurar como alguém que poderá render.
Esta bipolaridade Sportinguista é triste, mas real. E depois vamos ouvindo falar dos novos potenciais nomes. Sinceramente acho que Miguel Luís precisava de rodar, como foi feito com sucesso a Adrien, mas um miúdo que nos sub-17 era titular da equipa que foi campeã do mundo, e que entra sem medo a titular numa equipa sobre brasas no Emirates, na sua estreia real, tem qualidade.
Mas por agora parece que já todos nos esquecemos dele, em troca do novo brinquedo ou ideia que permite na conversa de café falar de um jogador que ninguém de outro clube ainda ouviu falar. E quantos destes bons que largamos foram depois estrelas num Braga, e que poderiam perfeitamente ter ficado sempre cá…
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