Não é de hoje nem de ontem que tenho opinado publicamente contra escolhas tácticas de Fernando Santos. Acho-o um treinador tacticamente pobre, demasiado defensivo e conservador em demasia.
Até costumo brincar a dizer que foi o único treinador que com o Jardel a cem por cento conseguiu não ser campeão em Portugal.
Hoje, no entanto, enquanto ouvia a Rádio Comercial surgiu o nosso ex-guardião Nélson para entregar uns pasteis de feijão e ficou uns minutos à conversa. Quando lhe perguntaram o que achava de Fernando Santos disse ter um enorme respeito por ele, e que ele era a prova que havia treinadores e selecionadores, e que Fernando Santos se enquadrava no segundo grupo.
Ainda se alongou um pouco mais explicando que um selecionador tendo tão pouco tempo para treinar a equipa acaba por ter de fazer escolhas com base em caracteres e criar um grupo que embora heterogéneo consiga potenciar os talentos e as individualidades.
Na verdade, muito do que o Fernando faz com sucesso é realmente isso. Se há algo que é constante nas suas selecções é o desejo de dar tudo. Podem nem sempre ser os mais talentosos, a táctica pode, e costuma ser, horrível. E sim, continuo a pensar que a organização de jogo é sofrível, mas a verdade é que todos eles têm vontade de trabalhar para o bem maior.
Olhem o caso de Bruno Fernandes, sendo há anos nos clubes o motor ofensivo das equipas, e que na selecção tantas vezes se torna o carregador de pianos.
No fundo Fernando Santos monta equipas para se sacrificarem pelo grupo, e para que os mais talentosos tenham tempo e espaço para resolverem por si os jogos.
Dá-me algum respeito mais sobre Fernando Santos pensar desta forma? Sim, sem dúvida. E até pode ser uma forma de obter resultados, ao ser o primeiro a consegui-lo com a nossa selecção.
Agora ver este grupo carregado de talento, dos melhores a nível mundial e provavelmente o melhor de sempre nacional, e ver este futebol pobre, trauliteiro e atabalhoado, mesmo que com sucesso, sabe sempre a pouco.
Mas no fim do dia se trouxer o caneco quem sou eu para criticar?
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