Não é segredo para ninguém que tenho bastante apreço por Carlos Vieira. Um homem integro que tentou levar o Sporting para o melhor rumo que conseguiu e que ajudou em muito a uma direcção deixar o Sporting muito melhor do que quando lá entrou. Algo único desde João Rocha provavelmente.
Hoje num artigo de opinião, que deixa semanalmente no Leonino, arrasa completamente Salgado Zenha, que por meias palavras tem andado durante estes meses a denegrir o seu trabalho. Cito aqui apenas os sete pontos chave que deixou, mas vale a pena ler o artigo completo.
- Não se goza com um parceiro ou cliente. Um negócio é bom para os dois. Imagine-se que se tinha vendido o Bruno Fernandes por 40 milhões de euros no Verão, a tempo de recompor a equipa, coisa que Zenha diz que não se conseguiu fazer. Poderíamos estar em 1.º ou 2.º lugar no campeonato nacional de futebol, em vias de ganhar muito mais dinheiro do que os 20M com que agora diz que enganou os tolos. E veja-se o impacto mediático que a sua afirmação teve em Inglaterra. Mais uma vez, a arrogância gerou um efeito negativo.
- A banca existe para ganhar dinheiro. A banca detida por fundos de risco (hedge funds), os chamados Fundos “Abutre”, como é o caso do Novo Banco, ainda mais dinheiro quer ganhar. Se há um problema com algum banco só tem de fazer exercer a magistratura de influência por via dos milhares de sportinguistas que têm relações com esse banco.
- Zenha rescindiu o contrato com quem estava a assessorar a recompra da dívida a desconto. E nunca quis perceber que nessa recompra se iria incluir o reembolso do empréstimo obrigacionista, sem necessidade de uma nova emissão. Disse em AG da SAD que pediram informação sobre quem seriam os investidores (coisa que obviamente não lhe deram, e como ex-funcionário de um banco deveria saber que não se pode dar) e estes fundos colocam unidades de participação em diversos investidores (como fundos de pensões, entidades públicas, entidades financeiras, etc.).
- Assumiu que conseguiria o haircut da dívida diretamente com a banca, desconhecendo, por inexperiência, que esta afirma aos seus clientes que terá dificuldade em fazer esses reconhecimentos de perdas diretamente com os mesmos, a não ser que sejam feitas através de PER – Processo Especial de Revitalização ou de RERE – Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas, que, obviamente, podem prejudicar a imagem das sociedades.
- Fala da estrutura fraca do Sporting quando manteve (e bem!) grande parte da mesma. Por exemplo, das áreas que me estavam adstritas diretamente só a área da segurança teve a sua direção substituída. Esquece (até porque se calhar não sabe pois nunca geriu nenhuma empresa na vida) que tivemos de fazer um despedimento coletivo e agressivamente reduzir em 40 milhões os gastos de estrutura. E aí, contrariamente ao que o seu chefe disse, conseguimos reduzir os gastos e aumentar a competitividade, ficando logo no primeiro ano em lugar de acesso à Liga dos Campeões no Futebol profissional. A isso chama-se “gerir”.
- Devia ter claramente assumido que está a aprender e que tem uma estrutura competente que o está a ajudar e que acredita que, a prazo (o mais curto possível para bem do Sporting), estará apto para falar sobre projetos para o futuro (além de um tal software, que custará para cima de dois milhões de euros e que não ganhará certamente campeonatos).
- Tem o “mérito” de ter conseguido ocultar os custos dos financiamentos do Sporting (na última Assembleia Geral da Sporting SAD disse que não os divulgava para proteger os interesses dos parceiros) quando, infelizmente, passou a Sporting SAD de SAD que tinha historicamente os menores custos de financiamento entre os clubes rivais (e louvor seja feito a todos os CFOs que me antecederam pois essa característica já vinha de trás) para a que maiores custos apresenta. Isso iremos certamente ver no próximo Relatório & Contas auditado.
Artigo completo em Leonino.pt
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