Numa altura em que se fala cada vez mais de falta de referências de verdadeiro Sportinguismo e superação no Sporting ver partir Rui Jordão aos 67 anos é claramente uma perda que dói a cada Sportinguista.
Cresci a ouvir o meu avô a falar de duas linhas ofensivas brutais que viu no Sporting. Uma delas muito antiga, que lhe iluminou a infância, dos cinco violinos. A velocidade com que Jesus Correia e Albano apanhavam de surpresa qualquer defesa. O poder de Peyroteo inigualável dentro da área. A visão de jogo de Vasques com que ele simplesmente rasgava qualquer táctica, e claro o seu favorito Travassos, o capitão de corpo inteiro que era segundo ele a verdadeira alma dos cinco violinos.
A outra linha era bem recente na altura, eu já era vivo com eles entre nós, feita de apenas três jogadores que se completavam dentro de campo, mas que fora dele tinham pouco a ver uns com os outros.
Oliveira o maestro, o homem que trazia de volta um pouco de Vasques. Em Manuel Fernandes um Peyroteo que havia trocado a força e poder por um faro de golo felino que era irresistível a qualquer defesa. Dois jogadores vistosos dentro de campo e sempre cheios de vontade de o dizerem fora dele também o valor que tinha.
Mas o favorito do meu avô era Rui Jordão. Diz que tinha algo que misturava os dois violinos que saiam as alas, Albano e Jesus Correia, mas que o fazia de uma forma de tal forma elegante que parecia que não era tanto um jogador de futebol mas sim um atleta de ginástica. E que frente ao golo tinha quase tanto faro como Manuel Fernandes.
No entanto algo que ele dizia, e que infelizmente ainda hoje se sente bem, é que era de todos o melhor Homem. De Oliveira sempre dizia que tinha algo de manhoso nele, e que nunca percebeu bem se era Sportinguista. Já o que dizia de Manuel Fernandes prefiro deixar para mim por agora, mas quem o vê ao longo dos anos nos programas de comentário deverá ter uma ideia.
Já de Rui Jordão era só elogios. Um tipo pacato, Sportinguista de coração, e que preferiu viver a outra paixão nas artes em vez de tentar parecer um papagaio em qualquer jornal ou televisão.
Até sempre Jordão, agora és mais uma estrela ai em cima.