Existe uma prática corrente para pessoas que são donas de mais que uma empresa. Se uma delas tem serviços que pode prestar a outra normalmente será ela a contratada para fazer esse serviço.
Esta prática também é comum quando estamos a falar de empresas do mesmo grupo, em vez de serem da mesma pessoa simplesmente, mesmo tendo administrações diferentes. Isto é comum e ajuda à facturação de ambas.
Agora quando estamos a falar de empresas que não são nem do mesmo grupo, nem propriedade exclusiva dos mesmos donos entramos num terreno pantanoso. Especialmente quando falamos de empresas publicas ou em que os cargos dependem de eleições entre os associados, ou cargos políticos.
Se viéssemos a saber que um Ministro da Saúde tinha uma empresa que era sua propriedade que prestava recorrentemente serviços pagos ao seu ministério levantaríamos logo questões morais e éticas. E isto mesmo que esses serviços já viessem antes da sua passagem para Ministro.
Ora no caso de Frederico Varandas o mesmo se sucede. Frederico Varandas é dono de um grupo de clínicas que desde a direcção de Bruno de Carvalho presta serviços ao Sporting. Já nessa altura era uma relação complicada a nível moral. Ter as clínicas do director clínico do Sporting a prestar serviços ao clube parece demasiado pagamentos por fora.
No entanto após a eleição de Frederico Varandas como Presidente do Sporting penso que o normal teria sido este ter dito para cessarem estes serviços. Como se costuma dizer à Mulher de César não basta ser séria, também o tem de parecer.
Isto levanta as mesmas questões que no passado se levantaram com a subida de Joana Ornelas na estrutura no tempo de Bruno de Carvalho. Era uma profissional do Sporting e com as qualificações para o lugar ao que parece, mas ser promovida quando era a mulher do Presidente levantava muitas questões morais.
Acho que ambos os casos são evitáveis, e que ambos não deviam ter acontecido. No entanto não deixa de ser giro haver pessoas que na altura defenderam que um dos casos era grave e agora defendem que o outro é normal. Isto dependendo do lado da barricada em que se está.
Não que ache que isto deva levar à queda desta direcção pela demissão de Frederico Varandas, é apenas uma nota moral e para o futuro. Quanto à demissão desta direcção continuo a achar que devia acontecer e por decisão da mesma ao avaliar a sua falta de resultados e competência para os mudar, além da falta de qualquer tipo de apoio popular que tem, isto porque no fundo o Sporting ainda é dos sócios.
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