Saiu esta semana o relatório e contas da nossa Sporting SAD, e como seria de esperar temos gente a rasgar as vestes a dizer que esta prestes a acabar o Sporting, e outros a dizer que está tudo cor de rosa e que melhor era impossível.
Mesmo percebendo pouco de finanças sei que nenhuma das versões está certa, de há muitos anos para cá nestes casos confio plenamente no que diz o Artista do Dia.
Mesmo não tendo colocado no blog, que se encontra meio adormecido, colocou aqui a sua explicação das contas, que reproduzo na integra de seguida, com autorização do mesmo.
Uma análise do Artista do Dia
1. R&C 20/21 com prejuízo de 33M. Explicação já tinha sido dada nos relatórios trimestrais anteriores: quebra de receitas com pandemia e ausência nas competições europeias foram determinantes. Esforço de equilíbrio de contas foi visível, ainda que insuficiente para ano sem LC.
1.1. Contas condenadas à nascença pelo desastre desportivo de 19/20 e pela pandemia. Sem jogadores valorizados, muitos excedentários sem pretendentes, sem LC e estádio fechado. Mas usaram-se de forma brilhante os poucos recursos que sobravam.
1.2. Ausência de grandes fontes de receita. FCP terá feito 77M na LC e 40-50M em mais-valias (para um lucro q se diz q será de 30M), Benfica fez 82M em mais-valias (e mesmo assim teve prejuízo de 17M). Sem competições europeias, faltou ao Sporting uma grande venda para ter lucro.
2. Efeito Covid/UEFA. Face a 19/20, quebras de 11,5M em bilheteira (agravadas por ter sido ano de título, perdeu-se um ano que seria excecional) e 9M da UEFA. No sentido contrário, contas incluem 4,2M de direitos TV de jogos de 19/20 e poupança de 3M em organização e deslocações.
2.1. Efeito positivo do título no merchandising. Em março de 2021 as vendas estavam 1,1M abaixo face a março de 2020. Três meses depois, mesmo com as restrições que se conhecem nas lojas físicas, essas perdas foram compensadas e ainda ultrapassadas em 0,25M.
3. Gastos com pessoal. Aumento de 60,5 para 62M, mas comparação equiparada corresponde a redução de 4,4M face a 19/20 (houve 2,5M de prémio do título em 20/21 e poupança de layoff de 3,3M em 19/20). Excedentários não colocados prejudicaram o restante bom trabalho de redução.
3.1. Prémios do título. O total de prémios pagos ao plantel e equipa técnica pela conquista da liga é de 6M, mas 3,5M entrarão apenas nas contas de 21/22 por *corresponder* à qualificação para a LC; forma de suavizar o prejuízo de 20/21, peso extra para 21/22.
4. Mais-valias. Total de 27,5M, com destaque para Wendel (11,3M numa venda de 20,3M) e Acuña (5,1M numa venda de 11,25M). Com variáveis, a venda de Bruno Fernandes passou para uns decentes 64M.
5. Endividamento. Aumento de 10,8M face a 19/20. Aumento deve-se à rubrica de encargos e juros e à antecipação de parte do prémio da LC em maio/junho. No relatório do 1º trimestre de 20/21 o endividamento deverá cair para valores inferiores aos de 19/20… até ao EO de novembro.
6. Tesouraria. Houve um agravamento do buraco de tesouraria ao longo do último ano em cerca de 10M. Clientes a 1 ano: 7,3M Forn a 1 ano: 54,6M, dos quais 29,8M são a agentes. Indiscutivelmente o ponto mais preocupante das contas.
6.1 Agravamento deveu-se à falta de vendas significativas em 20/21 e ao investimento feito em Paulinho. Nos compromissos de curto prazo ainda temos de considerar o reembolso de 26M do EO, que deverá ser feito recorrendo a novo EO, que apontará para os 50M.
7. Balanço. Isoladamente, as contas são péssimas, mas estavam condicionadas pela conjuntura e pelo lastro q vinha de trás (2018 desastroso e más decisões de 2019). Êxito de 20/21 pode ser o momento de viragem há tanto ansiado, haja competência p/ continuar o q de bom foi feito.
7.1 Confirmando-se a venda de Nuno Mendes, havendo uma boa participação na LC e com o aumento do EO de 2021, há condições para finalmente normalizar a instabilidade com que a tesouraria tem vivido nos últimos anos.
7.2 A estrutura de custos foi equilibrada e o plantel é hoje mais forte e valioso. Aproveitar o momento para gerar um círculo virtuoso de êxito desportivo, valorização de ativos, vendas e investimento em reforços, mantendo um forte papel da Academia.
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