O Sporting jogou esta temporada disputou 60 partidas oficiais. Um record, e algo que provocou um enorme desgaste do plantel.
Isto é um facto positivo claramente, estar até tão tarde em tantas frentes é algo que queremos. E daí ter sido construído um plantel com uma enorme qualidade individual, e múltiplas mais valias.
Mas para além de ter um extenso e forte plantel também é preciso saber utilizá-lo na sua plenitude.
Os Jogadores que contaram para Jorge Jesus
Fiz uma análise muito simples. Se o Sporting fez 60 jogos, quantos jogadores participaram em pelo menos metade deles? E isto podendo ser titulares ou suplentes claro.
Nome | Jogos | Golos | Titular | Suplente | Minutos |
Rodrigo Battaglia | 57 | 3 | 40 | 17 | 4001 |
Rui Patrício | 56 | 0 | 56 | 0 | 5100 |
Bruno Fernandes | 56 | 16 | 51 | 5 | 4706 |
Sebastián Coates | 54 | 5 | 54 | 0 | 4890 |
Marcos Acuña | 54 | 6 | 45 | 9 | 4023 |
Gelson Martins | 52 | 13 | 47 | 5 | 4366 |
Bas Dost | 49 | 34 | 42 | 7 | 4029 |
Jérémy Mathieu | 48 | 3 | 48 | 0 | 4192 |
Fábio Coentrão | 44 | 1 | 43 | 1 | 3584 |
Cristiano Piccini | 40 | 0 | 39 | 1 | 3466 |
William Carvalho | 38 | 1 | 37 | 1 | 3242 |
Bryan Ruiz | 33 | 2 | 22 | 11 | 1839 |
Bruno César | 33 | 2 | 16 | 17 | 1381 |
É um pouco estranho certo? 13 jogadores apenas. Sendo que desde a reintegração de Bryan Ruiz no plantel este assumiu o papel de 12º jogador que até aí era ocupado por Bruno César, que mais tarde viria a desaparecer quase por completo.
Claro que estes números em parte são enganadores. Na segunda metade da temporada tanto Montero como Rúben Ribeiro, ambos chegados em Janeiro, tiveram muito tempo de jogo. Pelo menos a espaços. Mesmo assim a rotação foi tudo menos coerente.
Jogaram menos que Bruno Fernandes
Quantas vezes vimos Bruno Fernandes a não aguentar mais em campo, e a tomar decisões erradas quando normalmente é algo em que não falha. Mas com 4700 minutos nas pernas, até a cabeça começa a perder discernimento.
Reparem agora bem na lista abaixo. Estes jogadores, todos somados, tiveram menos minutos de jogo na temporada que Bruno Fernandes.
Nome | Jogos | Golos | Titular | Suplente | Minutos |
Seydou Doumbia | 29 | 8 | 13 | 16 | 1253 |
Rúben Ribeiro | 18 | 0 | 8 | 10 | 706 |
Fredy Montero | 21 | 5 | 7 | 14 | 849 |
Alan Ruiz | 8 | 0 | 6 | 2 | 426 |
Iuri Medeiros | 11 | 1 | 4 | 7 | 371 |
Tobias Figueiredo | 4 | 0 | 3 | 1 | 282 |
João Palhinha | 7 | 2 | 2 | 5 | 224 |
Josip Misic | 6 | 0 | 1 | 5 | 146 |
Wendel | 4 | 0 | 1 | 3 | 114 |
Lumor Agbenyenu | 7 | 0 | 0 | 7 | 127 |
Rafael Leão | 5 | 2 | 0 | 5 | 134 |
Onze jogadores. Alguns deles foram aposta durante alguns periodos, curtos, de tempo. Outros nunca tiveram chances.
Custa-me especialmente ver o caso de Misic e Wendel, dois 8’s que bem podiam ter ajudado a refrescar o meio campo a certa altura da temporada. E mesmo João Palhinha podia aqui e ali ter jogado. Nem que fosse nas Taças.
Os dados de Lumor também são curiosos, 7 jogos, mas com pouco mais de 10 minutos em cada. Isto tendo em conta que em muitos desses jogos a solução era antes de mete ro lateral esquerdo suplente recorrer a adaptações para a posição. E digo isto mesmo gostando de ver Acuña a fazer o lugar. Mas nesses jogos fazia mais falta lá à frente na maioria das vezes.
Cansaço físico, psicológico e a frustração
Tudo isto leva a um cansaço físico ímpar por parte dos 13 que jogam mais recorrentemente. Os treinos são duros, duas vezes por semana jogam, e depois descanso fica para depois.
Psicologicamente as coisas começam também a ficar afectadas. Quem nunca teve no trabalho uma tirada de um par de meses com trabalho acima da média e ficou num estado lastimável? Isto mesmo em trabalhos fisicamente pouco desgastantes.
Para quem está de fora a frustração existe e é real. Treinar na semana sempre no limite. Ver os colegas que estão em campo desgastados, e entrar esporadicamente a vinte minutos do fim.
Isto faz com que também joguem pior quando entram. Entram sempre sobre brasas. Uns tentam fazer tudo sozinhos, quando não deviam. Para outros a bola queima e pensam primeiro em livrar-se dela do que em jogar bem.
Não apoiavas a 100% Jorge Jesus?
Sim, escrevi aqui dezenas de vezes que achava que Jorge Jesus era o treinador certo para o Sporting. Defendi-o provavelmente da forma mais constante que consegui durante o máximo de tempo.
Sempre achei que durante o jogo não é extraordinário, mas que fora do campo, no trabalho individual da semana a evoluir um jogador é dos melhores do mundo. E continuo a acreditar nisso mesmo.
No entanto acho que três anos, e especialmente esta gestão do plantel, levou uma completa perda de empatia com ele. E quem não ganha fica mais perto da saída. Isto mesmo contando que tem mais um ano de contrato, e que com estas histórias todas do fim de temporada reaproximou-se um pouco do plantel.
Ainda para mais parece que desde há mais de um ano que o nosso aproveitamento de bolas paradas, em lances não directos, baixou e muito. E isso é o trabalho dele. Quantos cantos curtos, ou jogadas ensaiadas em livres, acontecem por jogo, sempre para falhar?
Com tudo isto por mim a decisão seria mudar de treinador, tentando chegar a um acordo com Jorge Jesus para evitar pagar uma rescisão. Se é verdade que tem uma proposta milionária de algures, força.
Agora claro, isto dependente sempre de se arranjar um excelente treinador, até porque se tem pago bem aos que por cá passam. Mudar para pior, isso não obrigado.
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